28/05/2020

Parasita

Ok, podem me crucificar porque eu demorei muito tempo pra falar deste filme, na verdade não apenas deste filme, o blog ficou em hiato dois anos, portanto eu não falei de outros filmes importantes deste ano nem do ano passado (cadê os filmes do Oscar, veado?), mas sempre é tempo pra se redimir, né? Então vamo s'imbora!

Parasita (2019) não é apenas o melhor filme do ano passado, mas pode ser considerado o melhor da década e entra perfeitamente no roll das grandes obras primas do cinema. E não estou exagerando! Merecidamente levou o Oscar de melhor filme (às vezes eles acertam) num ano com outros filmes bons também, além de conseguiu romper a barreira de se tornar o primeiro filme não falado em inglês a levar este prêmio. Enfim, a academia resolver aderir e aceitar a globalização. E eu acho que falei filme demais nesse parágrafo.

Claro que o Oscar sempre foi uma premiação feita por americanos para premiar filmes americanos. Era uma forma deles dizerem, "sim, nós é que fazemos os melhores filmes do mundo" e eles venderam essa ideia durante décadas, mas com o advento da globalização e os filmes feitos fora de Hollywood saindo da pequena esfera de festivais e minúsculas salas de exibição ganhando mais espaço, era natural que a premiação mais badalada do mundo se rendesse. Demorou, é claro. Vimos grandes filmes ao longo de muitos anos ficarem de fora, mas Parasita conseguiu o feito de agradar aos ianques, um público ufanista demais.

Em Parasita, vemos a história de uma família que está passando por sérias dificuldades, eles vivem num porão e ganham alguns trocados dobrando caixas de pizza. Tudo isso até o amigo do filho aparecer com uma proposta de trabalho que vai mudar a vida de todos: dar aulas particulares de inglês para uma menina rica.

A partir daí somos apresentados aos outros personagens e como estes vão se conectando um a um. As críticas sociais presentes são registradas, ora de maneira explícita, praticamente um tapa na cara da sociedade careta e covarde, ora nem tanto, precisa-se de uma releitura para serem entendidas, mas estão lá.

O mais legal aqui é se deixar ser guiado pela história e pelos eventos que vão surgindo. As surpresas do roteiro seguem até o último minuto. Em alguns momentos as situações são engraçadas, mas vejam bem, tudo tem um lado trágico. Aqueles personagens estão tentando sobreviver num mundo cruel.

Muito cruel.

18/05/2020

Shazam!


A DC Comics, ao contrário de sua rival, Marvel, sempre apresentou personagens politicamente corretos, quer dizer, a exceção sempre foi o Batman, mas ela tinha o Super-Homem e a Mulher-Maravilha como símbolos da retidão que os EUA adoram pregar. Talvez por não se aproximarem tanto do público ela perdeu espaço pra Marvel ao longo dos anos já que esta sempre mostrava super heróis com os mesmos problemas que eu, que você.

Talvez isso justifique o sucesso dos filmes da Marvel no cinema. A DC, com exceção do Batman, não seu deu nada bem com o filme do Lanterna Verde e Homem de Aço é um tanto chato, apesar da beleza magnética de Henry Cavill ser perfeita pro personagem. Tudo isso até a chegada do longa da Mulher-Maravilha que conseguiu romper a chatice que a empresa sempre fez questão de manter. Na TV, as séries do The Flash, Supergirl e Arrow também garantiram um bom público como também a do Superboy exibida bem antes (apesar que durou tempo demais e se perdeu ao longo das dez temporadas).

Toda essa introdução é pra falar de SHAZAM! (2019), super herói que já teve uma série televisiva nos anos 70 e que ganhou uma divertida releitura ano passado. O filme não apenas apresentou um personagem que muito lembra o Super-Homem, mas ele tem humor, coisa que seu colega nem sonha ter. Outra coisa bacana é que o filme tem uma história bem simples, sem ziguezague, servindo apenas pra mostrar a origem do personagem.

Em Shazam!, vemos um garoto, Billy (Asher Angel), se perder da mãe e crescer fugindo de lares adotivos até conhecer um casal que resolve ajudá-lo, eles já tem outros filhos adotivos e Billy é muito bem recebido em sua nova casa, mesmo ele não gostando. Tudo até conhecer um antigo feiticeiro que lhe dá grandes poderes e nessa hora ele se transforma num adulto e é aqui entra em cena Zachary Levi (super gostoso, por sinal) pra dar vida ao nosso herói.

O resto é como um filme de super herói como todos os outros e porque ele fez sucesso chegando a ser considerado pela crítica o melhor filme da DC desde O Cavaleiro das Trevas? Porque o roteiro, elenco e efeitos especiais são muito bons e como eu disse anteriormente, ele não enrola o público como Homem de Aço fez e diz logo a que veio. 

E as marcas explodiram na tela: os feitos de Shazam são gravados por uma Panasonic, ele come Cheetos, bebe Red Bull e joga num XBox One. Como um bom filme comercial podemos ver muitas outras, claro e obviamente, como é de praxe em filmes assim, uma continuação já está sendo planejada, aguardemos que seja tão boa ou melhor que o primeiro filme.

Uma curiosidade: Shazam era conhecido anteriormente como Capitão Marvel e, isso mesmo, temos um Capitão Marvel na Marvel! Nos anos 70, a DC se viu obrigada a publicar a revista do personagem como nome de Shazam até que renomeou oficialmente o Capitão Marvel como Shazam quando relançou em 2011.

15/05/2020

Estranhos em Casa

Lançado em abril deste ano pela Netflix, Estranhos em Casa (Furie, 2019), é um filme francês que bebe da mesma fonte de Corra (Get Out, 2017). Assim como no filme americano, o protagonista é negro, bem sucedido em sua carreira, pacato e sofre preconceito. Ambos também se relacionam com mulheres brancas. E sim, tem bem mais coisa parecida, mas vamos a história.

Um casal e seu filho vai passar férias a bordo de uma motorhome. Eles deixam tomando conta da casa durante esse período a babá do filho e seu marido, porém quando retornam das férias, o casal não quer sair. Pra piorar tudo, existe uma leia na França que protege os novos morados já que eles estão pagando as contas de luz, água e gás. Lógico que eles não aceitam isso e a coisa vai parar na justiça e o que parecia ser bem fácil de resolver vai se complicando. Ainda mais depois que eles se veem obrigados a passarem um tempo num camping

Estranhos em Casa começa como um drama familiar e vai se revelando um filme de terror destes repletos de carnificina. A violência não é gratuita. Existe dentro de Paul Diallo (Adama Niane, numa interpretação arrasadora) uma violência que ele não imaginava que poderia ter. Ele é apenas um professor de história que está passando dificuldades em seu casamento, mas que não quer se meter em briga nenhuma. Quando assiste dois alunos brigando na escola ele não faz nada. O tempo todo ele é posto à prova por agir de maneira pacífica. Algo que para Mickey (Paul Hamy) é covardia. Para ele a inércia de Paul o está deixando manso, domesticado e ele é um ser selvagem que precisa pôr pra fora isso.

Nesse caminho não fica claro porque o casal de inquilinos que ocupam a casa e do nada resolvem não querer sair mais. A moça estava grávida e me pareceu que como eles não tinham para onde ir ter o bebê que ficariam por ali mesmo, mas tanto Paul quanto sua esposa Chloé (Stéphane Caillard)são pessoas bacanas, contudo esse detalhe não importa para a historia e sim o terror psicológico que permeia grande parte do filme e que nos conduz a jornada de um homem comum que do nada pode perder seu chão. A casa representa o que ele tem de seguro no mundo, a esposa que um dia o traiu e cujo assunto ainda não foi bem resolvido na cabeça dele, o filho que ele mal se relaciona, os amigos que parecem ser mais amigos da esposa do que dele mesmo. 

Estranhos em Casa está disponível na Netflix, é violento mas não achei tão violento como dizem se a gente levar em consideração outros filmes do gênero. Ele prende a atenção e mostra que o verdadeiro terror está dentro de nós mesmos, um grande clichê, claro, mas a pura verdade.

A Voz Suprema do Blues

Viola Davis é uma atriz do mesmo quilate de Meryl Streep. Infelizmente ainda não é tão reconhecida ou tão bem paga quanto (a bem da verdade ...