Encontrando Nemo em Monstros S.A.

Quando uma marca está tão escondida que apenas olhos mais atentos conseguem descobrir é o que chamamos de Egg Easter ou ovo de páscoa. Existem muitos exemplos por aí e eu prometo que vou mostrando aos poucos. O caso de Nemo em Monstros S. A. é um destes exemplos interessantes que temos de Product Placement porque o filme foi lançado um pouco antes de Procurando Nemo e é uma espécie de "olha o que vem a seguir". Uma forma sutil, delicada, de promover o próximo lançamento do estúdio.

Antes e Depois: Ray Ban

Sinceramente eu gostaria de saber o que era a Ray Ban antes de Tom Cruise usar e abusar em Top Gun.

Um charme, não?

Batmóvel

Muita gente gostaria de ser o Bruce Wayne, ser o Batman, dirigir o batmóvel, contudo alguns felizardos até podem. Basta adquirir um Lamborghini Murcielago. E para os desatentos, murcielago, é morcego em espanhol.

O preço?! Bem, quando este carro chegou ao Brasil custava mais de 2 milhões. Por enquanto vou me contentar vendo essa beleza sendo dirigida por Bruce Wayne.

Bonequinha de Luxo

Audrey Hepburn já era uma estrela, vencedora do Oscar quando brilhou nesta adaptação da obra de Truman Capote, com certeza seu filme mais lembrado. O autor do livro gostaria de ver Marilyn Monroe no papel principal, mas ela foi aconselhada a não fazê-lo. Sendo assim Audrey assumiu o projeto e pediu para que o diretor John Frankenheimer fosse substituído. Em seu lugar entrou Blake Edwards que deu ao filme um olhar mais sensível, lúdico até, sobre a vida de Holly Golightly, uma prostituta de luxo que sonha em se casar com um homem rico e se tornar uma estrela de Hollywood, contudo a jovem sonhadora não esperava que fosse se apaixonar pelo seu vizinho, o escritor Paul Varjak (George Peppard). 

O título original, Breakfast At Tiffany's, faz alusão ao sonho da protagonista. Logo no começo do filme vemos a jovem olhando para a vitrine da famosa joalheria tomando seu desjejum. O olhar vago, vazio e carregado de tristeza já diz muito da sua personagem. Era mais um dia e ela ainda não havia alcançado seu sonho. E ela sabia que o tempo era implacável.

Bonequinha de Luxo se tornou atemporal, ele mostrou uma Audrey diferente daquela que conhecíamos, ninguém nunca imaginaria a eterna mocinha fazendo uma acompanhante mesmo que para isso tenham mudado bastante o perfil da sua personagem descrita no romance. Mesmo assim era um passo muito grande para sua carreira.

Bonequinha de Luxo é um caso nítido de Plot Placement, a joalheria não é apenas um cenário do filme, ela faz parte da história de tal forma que depois dele quem nunca sonhou em conhecer a Tiffany's? O figurino de Holly Golightly também é digno de nota e é copiado até hoje.

Curiosidades. Em determinado momento vemos Audrey tentando aprender português para conquistar um empresário brasileiro. Ela se queixa dizendo: “A very complicated language, four thousand of irregular verbs”, depois disso, tenta dizer “Eu acho que você está gostando do açougueiro”.

A música-tema, Moon River, um clássico do cancioneiro americano, foi feita especialmente para o filme. Venceu o Oscar de melhor canção original. O filme também ganhou mais um pela trilha sonora e também recebeu mais três indicações inclusive a de melhor atriz para Audrey Hepburn.

Como falei a princípio eles mudaram bastante o perfil da personagem, mas não apenas o dela que deixou de lado o caráter bissexual. Seu interesse romântico na verdade era homossexual na história de Truman Capote. Mas o estúdio preferiu romantizar ao máximo o enredo para não ir contra ao público conservador da época.

E se você por acaso ainda não viu Bonequinha de Luxo, corra para assistir, é um daqueles filmes essenciais para a nossa vida.

Bette Davis

"Eu nunca estarei abaixo do título"

A verdadeira Rainha de Hollywood, a mulher que até hoje domina o ecrã com sua presença e talento superlativo colecionou amizades e talvez até mais inimigos do que gostaria, mas ela não tinha medo, não tinha pudor em dizer a que veio porque tinha total consciência de sua importância no mundo.

"Sou a melhor dama que já existiu"

Seria impossível fazer uma pequena retrospectiva da carreira desse monstro sagrado, mas Bette Davis sempre estará presente neste blog porque sempre estará presente em minha vida. Fico feliz quando meus amigo me associam a ela quando a veem. Minha paixão por esta mulher se deu no exato momento em que a vi pela primeira vez, engraçado que eu já conhecia seu nome, sabia de seu talento muito antes de ter visto algum filme seu. Havia algo de enigmático em torno dela e após vê-la atuando pude compreender o porquê ela é tão grande.

"Envelhecer não é para mocinhas"

E como este é um blog sobre cinema e marcas como não associar Bette Davis aquele que talvez tenha sido seu melhor amigo, seu parceiro mais constante, o cigarro, já que ela está sempre acompanhada por ele. Recentemente foi descoberto que ela e outros astros receberam fortunas para glamorizar o fumo durante os anos dourados de Hollywood.

"Havia muito melhores interpretações nas festas de Hollywood do que jamais houve nas telas de cinema" 

A Maldição de Blade Runner

Dirigido por Ridley Scott que vinha do sucesso de Alien, O Oitavo Passageiro, e estrelado por Harrison Ford, o grande astro do momento com Guerra Nas Estrelas e Indiana Jones, esta ficção científica é uma adaptação da obra de Phillip K. Dick,  Do Androids Dream of Electric Sheep? de 1968.

O filme se tornou cult com o passar do tempo e um fato interessante é que existe uma espécie de maldição referente as marcas que são exibidas. Algumas nem existem mais e outras passaram por maus bocados, vejamos a seguir.

Marcas que quebraram: Pan Am, Bell Phones, Atari.

Pan Am

Bell Phones

Pan Am: Uma das maiores companhias de aviação do mundo, ninguém poderia seque imaginar que, menos de dez anos depois que o filme foi lançado, iria falir.

Bell Phones: Perdeu sua hegemonia no mesmo ano em que filme estreou nos cinemas. As empresas que ainda sobraram do antigo monopólio deixaram de usar este nome, se fundiram entre si ou em outras para formar a atual AT & T.

Atari

Atari: A empresa detinha 70% do faturamento de games dos Estados Unidos na época de lançamento de Blade Runner, contudo não conseguiu superar a crescente concorrência. Quase sumiu nos anos anteriores e hoje nada lembra a antiga empresa.

Marcas que se deram mal: Coca-Cola, RCA, Cuisinart.

Cuisinart

RCA

Cuisinart: Outra empresa que entrou em processo de falência menos de dez anos depois em que apareceu no filme, contudo hoje em dia é referência em processadores de alimentos. Faz misturadores, máquinas de café expresso, chaleiras, sanduicheiras, balanças.

Coca-Cola

Coca-Cola: Nem é preciso dizer qual a marca mais famosa que aparece no filme naquele imenso painel de led, né? Logo depois do lançamento de Blade Runner foi lançada a New Coke,  um verdadeiro desastre pra companhia que foi obrigada a desistir da ideia e voltar para a fórmula antiga.

RCA: A empresa ia bem desde o seu surgimento na década de 1920 até que nos anos 80 foi comprada pela General Eletric e foi dividida. Contudo a Sony Music Entertainment conseguiu reformular a marca e a transformar num grande nome na indústria.

Porém uma marca não pode reclamar de ter aparecido no filme. Quando Harrison Ford, ou melhor, Rick Deckard, compra uma garrafa de cerveja Tsingtao de um vendedor ambulante, o produto era até então desconhecido. Logo depois se torna bem sucedido e hoje é vendido em mais de 60 países ao redor do mundo. Está em produção na China desde 1903 e foi introduzido nos Estados Unidos em 1972.

Fonte: BBC

Roger Moore

O mundo perdeu hoje Roger Moore. Ele foi o terceiro ator a personificar o famoso agente secreto James Bond após Sean Connery e George Lazenby e deu ao personagem um tom mais leve.

Assim como todos os filmes de Bond, as marcas se tornaram partes integrantes de seus filmes. Quem não gostaria de dirigir um de seus carros ou vestir seus famosos ternos? Seleciono aqui algumas marcas presentes nos filmes de James Bond estrelados por Roger Moore.

Com 007 Viva e Deixe Morrer 

Título Original: Live and Let Die

Ano de lançamento: 1973 

Sinopse: Com o intuito de desvendar o assassinato de três agentes britânicos, James Bond viaja para os Estados Unidos. Seus colegas investigavam a relação entre um diplomata e um chefe do narcotráfico. Bond se vê então, infiltrado entre gângsters e feiticeiros voodoo.

Trívia: Em seu primeiro filme como o agente secreto, Roger Moore não fez feio. O filme bateu um recorde na bilheteria, faturando 36 milhões de dólares nos EUA e 161 milhões no resto do mundo. A famosa canção composta por Paul McCartney foi indicada ao Oscar e faz parte de seus shows até hoje. 

Marcas: Bollinger (bebidas); Cadillac (automóveis); Pan Am (antiga cia aérea, faliu em 1991); Panasonic (eletrônicos); Rolex (relógios de luxo); Smith & Wesson (armas de fogo).

007 contra o Homem com a Pistola de Ouro 

Título Original: The Man With The Golden Gun

Ano de lançamento: 1974

Sinopse: James Bond é destacado para investigar um cientista que conseguiu criar um conversor solar capaz de acabar com a crise de energia da Terra. Enquanto isso se torna alvo de um assassino profissional.

Trívia: Adaptação do último livro de Ian Fleming, criador do personagem, que foi publicado após sua morte. Alice Cooper compôs a música The Man With The Golden Gun para o filme, porém os produtores chamaram John Barry que compôs a canção com letra de Don Black e cantado pela cantora escocesa Lulu. Posteriormente, Cooper lançou a música no álbum Muscle of Love. 

Marcas: American Motors Company (antiga cia automotiva, faliu em 1987); Moet & Chandon Champagne (bebidas); Nikon (câmeras fotográficas); Pepsi (bebidas); Rolex (relógios de luxo); Rolls Royce (automóveis).

007 - O Espião que me Amava 

Título Original: The Spy Who Loved Me

Ano de lançamento: 1977

Sinopse: James Bond agora precisa recuperar um submarino com dezesseis mísseis nucleares antes que eles sejam disparados.

Trívia: O filme enfrentou problemas na sua produção que obrigaram que seu roteiro fosse reescrito por completo novamente. Com o atraso, o diretor previamente escalado teve que ser trocado. Indicado a três Oscars (direção de arte, trilha sonora original e canção) em Portugal recebeu primeiro o título de 007 - O Agente Indecente, e depois  007 - O Agente Irresistível.

Marcas: Dom Perignom Champagne (bebidas); Konica Minolta (equipamentos para escritório, imagens médicas e gráficas, instrumentos ópticos e de medida); Seiko (relógios); Sony (eletrônicos); Tabasco (molhos); Wetbike (náutica).

Quote: James Bond: Any man who drinks Dom Perignon '52 can't be all bad.

007 contra o Foguete da Morte 

Título Original: Moonraker

Ano de lançamento: 1979

Sinopse: James Bond investiga a queda de um foguete transportado por uma nave. Durante a missão, ele vai parar numa estação espacial, onde deve combater um milionário que deseja destruir a raça humana.

Trívia: Embalado pelo sucesso de Star Wars, os produtores decidem levar adiante essa aventura espacial. Bond enfrenta seu inimigo no Rio de Janeiro, a cidade foi transformada num dos cenários do filme que possui um grande número de marcas e um caso interessante de Faux Placement, ou seja, uma marca criada especialmente para o filme, a Apollo Airways. 

Marcas: 7UP (bebidas); Air France (cia aérea); Bollinger (bebidas); British Airways (cia aérea); Canon (câmeras fotográficas);  Christian Dior (vestuário); Glastron Carlson (náutica); Marlboro (cigarro); Martini Racing (equipe de automobilismo); Steinway & Sons (pianos); Viro Locks (cadeados).

007 - Somente para seus Olhos 

Título Original: For Your Eyes Only

Ano de lançamento: 1981

Sinopse: James Bond deve recuperar um sistema de mísseis que se cair em mãos inimigas pode pôr em risco todo o planeta.

Trívia: Talvez porque no filme anterior tantas marcas se fizeram presente aqui houve uma contenção. Os fãs consideram um dos melhores da série, a música título composta por Bill Conti e interpretada por Sheena Easton foi um grande sucesso e indicada ao Oscar.

Marca: Guy Laroche (vestuário).

Roger Moore recebeu das mãos da Rainha Elizabeth II o título de cavaleiro devido aos serviços prestados ao longo de sua vida. Nunca deixou de usar seu sucesso para angariar fundos para as causas que apoiava e se tornou um mito pela forma como sempre conduziu sua carreira e sua vida. Descanse em paz, Mr. Moore, Roger Moore. 

E.T. - O Extraterrestre (e assim surgia o Product Placement)

Lançado em 1982, E.T. - O Extraterrestre rapidamente se tornou um dos maiores sucessos de todos os tempos. Dirigido por Steven Spielberg que vinha de outros grandes fenômenos comerciais —Encurralado, Louca Escapada, Tubarão, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Os Caçadores da Arca Perdida — aqui ele alcançou de fato status de grande diretor, apesar da Academia torcer o nariz para ele e cometer uma de suas maiores injustiças. 

Com roteiro original de Melissa Mathison, o filme desbrava a relação de amizade de uma criança e um ser perdido de outro planeta. Poderia ser apenas um filme tolo, desses que passam a exaustão na Sessão da Tarde, mas não é. Nas hábeis mãos de Spielberg, ele soube discutir a ligação entre seres tão distintos numa época em que o mundo estava dividido pela guerra fria entre EUA e a atualmente extinta União Soviética.

Se hoje ainda vivemos num mundo intolerante, obviamente o começo dos anos 80 não era mais fácil. Em E.T. presenciamos a dor de uma criança atormentar-se em ver seu melhor amigo sofrer e como lidar com isso? Spielberg soube fazer com que o drama do jovem Elliot  não se tornasse um melodrama mesmo tendo tudo para ser. 

Mas o filme não se imortalizou apenas por causa disso. Com o intuito de viabilizar a produção, Spielberg procura una marca importante para inserir em seu filme. Sua estratégia acabou dando origem ao Product Placement que conhecemos hoje. Já vimos aqui que não era nenhuma novidade inserções de marcas em filmes, contudo vale frisar que durante um bom tempo o que víamos no cinema era o chamado filme de diretor, os filmes épicos não eram mais feitos até George Lucas surgir com a saga Guerra nas Estrelas. Sendo assim era necessária uma mudança na forma como essas marcas deveriam ser projetadas para um novo público que ia ao cinema.

A Hershey's concordou em pagar um milhão de dólares para que a Reese's Pieces estivesse no filme. Na época de lançamento viu crescer em 65% seu faturamento graças ao sucesso de E.T., algo que deve ter deixado o marketing da sua concorrente direta, a M&M's, nada feliz já que a empresa foi procurada primeiro e recusou a proposta. A cena em que aparece foi usada num comercial da marca. E ela não era apenas a única envolvida no projeto, mas representava o Plot Placement da produção. Era o tal caramelo que unia os dois personagens principais.

Em tempo, E.T. é considerado pelo American Film Institute como o sexto melhor filme de todos os tempos, venceu inúmeros prêmios entre eles quatro Oscars (trilha sonora, som, efeitos especiais e sonoros), consolidou ainda mais a vitoriosa carreira de seu realizador e mostrou para o mundo como promover uma marca de forma sutil e estratégica. 

+ Brasil

Os exemplos abaixo deveriam ter feito parte do post anterior, porém não encontrei as cenas que eu gostaria no Youtube para ilustrar. Seguem abaixo as imagens das cenas citadas. 

De Pernas Pro Ar (2010)

As personagens principais da trama ficam ricas ao criarem uma marca de produtos voltados para o sexo. E de fato a marca criada no filme existe, é  Sex Delícia fundanda por Érica Rambalde. Mais outro exemplo de Plot Placement.

Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou (2014)

Fernanda tem quase 40 anos e ainda sonha com o príncipe encantado, ser pedida em casamento e viver um conto de fadas (quem nunca?) ela começa a namorar um sujeito e acha que ele vai pedi-la em casamento. Na cena ela entra numa joalheria e imagina o momento. Sutil e divertido, Screen Placement lógico!

Isto Aqui, ô ô É um Pouquinho de Brasil iá iá

E o Brasil jamais ia ficar de fora, né? Para quem já teve uma publicidade premiadíssima no exterior há um booom tempo atrás, obviamente a gente tinha que saber fazer alguma coisa e quando a gente quer, a gente arrasa. Ok, nem sempre, muitas vezes arrasam conosco, mas o povo brasileiro é forte e não desiste nunca, portanto nem só do cinema de Hollywood a gente vive e eu mostrarei aqui alguns destes momentos. Para começar 2 bons exemplos de inserções em nosso cinema tupiniquim para vocês!

— Tira uma foto aí!
Cidade de Deus (2002)

A câmera Kodak tem um papel fundamental no filme, afinal é ela que serve para ilustrar as as aventuras dos jovens da comunidade e é por causa dela que a imprensa toma conhecimento do que ocorre no local. Está associada a trama formando assim um claro exemplo de Plot Placement.

— Nunca serão!
Tropa de Elite (2007)

Outro bom exemplo de como o Product Placement pode estar integrado à história. O premiado filme de ação que fez enorme sucesso no Brasil e fora dele, catapultou a carreira de Wagner Moura e do diretor José Padilha, analisa não apenas o comportamento dos policiais envolvidos na história, mas também de como o público os percebe. Indo um pouco mais fundo nessa observação, temos aqui um claro exemplo de Ideologic Placement.

+ Tipos de Product Placement

Como prometido no post anterior chego aqui com mais variações de Product Placement para vocês. Tudo isso segundo a professora e especialista no assunto, Beatriz Braga.

Quanto Mais Idiota Melhor (1992)

Meta Placement

Aqui a ironia se faz presente com o intuito de exercitar a meta linguagem. Muito comum na comédia, os atores usam de deboche ao falar sobre os produtos.

Celine Dion - My Heart Will Go On

Titanic (1997)

Music Placement

A música do filme promove e evidencia a carreira do artista.

O Show de Truman (1998)

Faux Placement 

A marca não existe, foi criada apenas para fazer parte da história.

Clube da Luta (1999)

Ideologic Placement

O filme serve de instrumento político-ideológico para criar algum tipo de polêmica, reflexão e envolvimento do público com sua história.

Náufrago (2000)

Reverse Placement

O produto fictício faz tanto sucesso que é lançado na vida real.

O Turista (2010)

Destination Placement

O destino turístico exibido no filme o transforma num cartão postal de tal forma que as locações promovem determinado local.

Spider-Man: Homecoming

Brandfan Placement

Neste exemplo, os vídeos são criados pelos fãs com intenção de promover determinada marca.

Moonlight (2016)

Behavior Placement

Comportamento (ou hábito) é inserido no filme de modo que conscientize o público acerca de um determinado tema. É o famoso merchandising social, muito comum em novelas principalmente da Glória Perez.

Product Placement e (algumas) de suas variantes

A princípio o Product Placement aparecia apenas inserido como veremos nas imagens abaixo:

The Garage (1919)

Neste filme podemos ver um cartaz de um posto de gasolina no canto superior à direita. Já no primeiro filme vencedor do Oscar, "Asas", de 1927, veremos uma inserção da marca de chocolates, Hershey's. Para ver a cena, clique aqui ó.

O Dia em Que a Terra Parou (1951) 

O círculo em vermelho mostra o símbolo NY do time de baseball de Nova York. Ainda como exemplos de como as marcas apareciam nas telas temos as imagens abaixo do filme "Laranja Mecânica" (1970), de Stanley Kubrick em que três importantes jornais (Daily Telegraph, Daily Mirror e Daily Mail). As cenas são importantes, mas poderiam ter sido descartadas na ilha de edição, contudo não foram e são como os exemplos mencionados acima um bom exemplo de Screen Placement ou Product Placement Visual.

Entretanto as marcas, sempre visando alcançar o seu público, não apenas se contentavam em aparecer sutilmente nas telas como também em serem mencionadas, como veremos agora.

Os Homens Preferem as Loiras (1953)

Neste filme, Marilyn Monroe canta seu número musical mais famoso "Diamonds Are A Girls Best Friend" e cita várias marcas importantes neste trecho da canção:

"...Tiffany's, Cartier, Black Star, Frost, Gorham

Talk to me, Harry Winston, tell me all about it!

There may come a time when a lass needs a lawyer

But diamonds are a girl's best friend..."

Como fã inveterado de Marilyn deixo aqui ó o número musical para quem ainda não conhece ou para quem quer matar a saudade e sair dando pinta pela sala (não que eu fizesse isso, rs). Ao ser mencionada, temos um outro tipo, o Script Placement.

Evoluindo, chegamos a esta obra prima chamada Bonequinha de Luxo, talvez o filme mais famoso de Audrey Hepburn. A marca não apenas estava no título original do filme, Breakfast at Tiffany's, que é baseado no livro homônimo de Truman Capote, como também fazia parte da história, um belo exemplo de Plot Placement ou Product Placement Integrado. Podemos afirmar mais ainda, a marca conseguiu se projetar de tal forma que a joalheria virou cartão postal de Nova York. 

Audrey Hepburn (Bonequinha de Luxo, 1961)

Estas são algumas das variações de PP (desculpa a intimidade, mas eu posso, rs), no próximo post vou destrinchar mais estas variações. Beijos.

Merchandising vs Merchandising Editorial vs Product Placement (ou apenas um post curtinho)

Ainda segundo a professora Beatriz Braga, especialista no assunto, Merchandising são ações no ponto de venda que visam promover marcas, produtos e serviços.

Já Merchandising Editorial é uma inserção de produtos e marcas em conteúdos de entretenimento de forma invasiva, ou seja, interrompendo o fluxo . imersivo e seguindo a lógica do break publicitário.

Vimos no post anterior o que é Product Placement, mas é importante frisar que estas diferenças ainda não possuem um consenso entre muitos autores segundo a própria professora. O autor José Carlos Veronezzi salienta que no Brasil tudo é chamado de Merchandising. 

Tom Hanks em Náufrago (2000)

Product Placement

"Eu sou apenas um rapaz, latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes..." {Belchior}

Para um moço atrevido, que adora cinema, publicidade e propaganda, não desgruda do seu trabalho de conclusão de curso e que espera se tornar um especialista no assunto de fato, nada melhor do que começar este novo blog. Eu iria fazê-lo um dia, contudo foi mesmo uma apresentação deste projeto que me levou a deixar de lado os slides para vir aqui brincar com esta ferramenta que aprecio tanto. Epifanias são sempre bem vindas, elas sempre me acompanharam madrugadas adentro e me deram presentes inestimáveis, para quem me acompanha a algum tempo sabe que eu adoro iniciar algo novo.

E se você por acaso caiu de paraquedas e deseja saber, afinal o que é Product Placement, segundo a professora Beatriz Braga é uma "inserção de produtos e marcas em conteúdos de entretenimento sem interromper o fluxo imersivo. O discurso publicitário se integra à trama ou informação que o leitor consumia."

Então, sejam bem vindos, puxem as cadeira, vamos conversar sobre, trocar uma ideia, cinema é meio de comunicação, arte e o que no fundo todo filme quer é alcançar a mente e coração de seu público. Nada diferente do que uma marca almeja. 

E por mais que essa estratégia tão sutil esteja presente nos filmes há muito tempo — indícios apontam inserções de marca em filmes dos irmãos Lumiére — foi há um pouco mais de trinta anos que ela de fato se tornou o que conhecemos hoje em dia.
Portanto é isso, pessoal, espero que gostem deste blog, fãs de publicidade ou não mas acima de tudo amantes do cinema porque isso nunca faltará aqui. Prometo.

Jack Nicholson, ou melhor, Torrance apreciando Jack Daniels em O Iluminado