26/02/2018

Roman J. Israel, Esq.

Roman é um excelente advogado, seu grande defeito é ser honesto num meio que não prioriza tais valores. Ele está mais preocupado em defender seus clientes do jogo sujo que existe nos bastidores da lei. Tudo parecia ir bem pra ele até que seu sócio morre o deixando numa situação complicada ao ponto de  se ver obrigado a trabalhar com o quê e com quem não gostaria .

Roman J. Israel, Esq. é um filme estrelado e produzido por Denzel Washington que lhe deu mais uma indicação ao Oscar de melhor ator.  O grande problema é que ele aparece em praticamente todas as cenas e esse narcisismo poderia ter sido evitado, acredito que talvez se ele tivesse apenas produzido o filme e colocado outro ator, quem sabe o filme pudesse ir mais longe. Não que o filme seja ruim, eu diria que é mediano, mas acontece que ao invés de priorizar o roteiro que tem uma premissa bem interessante, esse egocentrismo de Denzel faz o filme se perder em vários momentos e deixar uma pergunta incômoda: afinal, Roman luta pelo quê mesmo? 

A luta incansável de Roman pelos oprimidos, que deveria ser o tema central do filme, deixa de existir, a dor das pessoas que ele tanto quer defender nem é enfatizada, é deixada de lado porque o que importa no filme é exibir o já conhecido talento de Denzel Wanshington. Pelo visto deu certo, os membros da Academia compraram a ideia, contudo o ator chegou num patamar que não precisa de nada disso. Em Trama Fantasma, por exemplo, Daniel Day-Lewis brilha porque sabe deixar os outros brilharem ao seu redor, infelizmente não podemos dizer o mesmo de Denzel porque sua vaidade atrapalha o andamento da história. Em certo ponto é legal ver a transformação do personagem, ela é bem feita, ele está agora sentando na mesa grande e participando de um jogo que nunca quis fazer parte e um diretor mais habilidoso poderia ter extraído cenas mais interessantes desse momento. A cena em que ele vai à praia talvez seja uma das melhores do filme. Outro desperdício é Colin Farrel num personagem que não tem sentido algum.

E para não dizer que não falo mais de marcas por aqui existe um caso interessante de Product Placement em que a Bic aparece. E outra coisa bacana é a trilha sonora com clássicos da black music americana, um ponto a favor de um filme que quase cumpre seu papel. Quase. Só ficou um pouco longe disso.

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