30/01/2018

O Artista do Desastre

O que esperar de um filme produzido, dirigido e estrelado por James Franco? Uma boa surpresa, claro. O ator não tem medo de se jogar, quando viu que poderia se tornar apenas mais um galã em Hollywood deu vários passos pra trás naquilo que consideravam para sua carreira e começou a arregaçar as mangas construindo para si mesmo filmes não convencionais. Algumas vezes dando certo outras não, porém deixou claro quem mandava em sua carreira.

E foi assim com O Artista do Desastre. Além de dirigir o filme assistimos Franco personificar a figura de Tommy Wiseau, um homem que ninguém sabe a idade, nem de onde veio nem tampouco a procedência de sua grana sem fim. Tommy aspira ser um ator e faz aulas de teatro e é numa dessas aulas que ele conhece o jovem Greg Sestero (Dave Franco) outro aspirante a ator. Eles rapidamente se tornam amigos e fazem um pacto para lutar juntos pelo estrelato. Se mudam para Los Angeles para tentar a sorte e as coisas não saem como Tommy esperava, ele realmente acredita no seu talento, mas ele é excêntrico demais para os padrões da indústria cinematográfica americana e percebe que talvez seja melhor desistir, contudo Greg não o deixa fazer isso e o convence a não parar, é aí que Tommy decide fazer seu próprio filme.

A partir daí vemos como Tommy escreve, produz, dirige e estrela seu próprio filme, The Room. O narcisismo de Tommy e sua autoestima da porra parecem não ter fim. Ele compra equipamentos para surpresa da loja que normalmente só aluga, contrata uma equipe, realiza audições para escolher seu elenco. Tudo da maneira mais extravagante possível. E tudo que vemos no filme, ocorreu de fato. Adaptado a partir do livro escrito pelo próprio Greg Sestero ao lado de Tom Bissel, The Disaster Artist: My Life Inside The Room, the Greatest Bad Movie Ever Made, a história foca na amizade dos dois e nos bastidores da produção deste que é considerado por vários críticos como o pior filme já feito.

Franco não teve medo de ir fundo nessa história que tem um roteiro bem construído, tanto que recebeu uma indicação ao Oscar. Ele também chegou a ser considerado favorito ao prêmio de melhor ator depois que ganhou o Globo de Ouro, mas acusações de assédio contra ele pipocaram logo depois e há quem defenda que foi isso que o retirou dos nomeados. Cá pra nós, eu tenho minhas dúvidas, afinal foi Daniel Day-Lewis que entrou no páreo e como concorrer com um homem desses, bicho? Contudo, Franco está de fato muito bom. Sua entrega foi tanta que ele parece com Wiseau principalmente no olhar de peixe morto.

Com certeza Franco viu muitas coisas em comum entre ele e Wiseau. Ambos foram atrás de realizar seus próprios projetos, claro que um foi abençoado com talento e outro não, mas os dois correram atrás de seus sonhos e possuíam pessoas que acreditaram neles. Enquanto Wiseau tem Sestero ao seu lado, Franco tem o próprio irmão e justamente por isso o convidou para interpretar Sestero. Mas porque fazer um filme com uma história tão estapafúrdica? Por isso mesmo. É tudo tao improvável que funciona e, pasmem, The Room pode ser um fracasso pela crítica, na época de seu lançamento arrecadou mil e oitocentos dólares tendo um orçamento que, dizem, ultrapassou os seis milhões, mas  com o passar do tempo se tornou um filme cult e lucrativo com sessões lotadas à meia-noite em muitos lugares do mundo.

É, parece que Wseau e Franco tinham mesmo muita coisa em comum.

1 comentário:

Unknown disse...

Ver James Franco na tela é sempre uma experiência deliciosa, mas olha que o maninho...

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