29/01/2018

A Forma da Água

Elisa (Sally Hawkins) é uma moça muda e solitária que todos os dias faz as mesmas coisas. Seu despertador a acorda,  ela levanta e prepara seu banho na banheira onde se masturba, faz sua comida, engraxa os sapatos, arranca uma folhinha do calendário e lê a citação do dia. Ela ainda encontra tempo para visitar Giles (Richanrd Jenkins), seu vizinho também solitário. Um desenhista desempregado que tenta conseguir um freelancer ou reaver seu antigo emprego de volta e, quiçá, ter uma chance com o dono da lanchonete que frequenta assiduamente. Elisa trabalha como faxineira numa instalação do governo e tem como colega de trabalho a falastrona Zelda (Octavia Spencer) que passa o dia reclamando do marido.

Tudo parece que será sempre assim até que sua rotina é alterada com a chegada de uma criatura híbrida que vive na água e está a ser mantida presa pelo governo americano. De alguma forma a tal criatura chama a atenção de Elisa e por isso procura uma maneira de se comunicar com aquele ser que lhe provoca encantamento. Infelizmente para desespero dela o interesse do governo é matá-lo e dissecá-lo para estudos ao mesmo tempo em que o governo soviético almeja destruí-lo para evitar que os americanos saibam mais que eles. Elisa então tem pouco tempo para salvar o ser pelo qual se afeiçoara das mãos do cruel Richard (Michael Shannon).

O que vemos surgir é uma história construída pelas hábeis mãos de Guillermo del Toro. O  cineasta que nos deu O Labirinto do Fauno nos traz agora um verdadeiro libelo sobre o amor. O amor que não possui barreiras pra se manifestar. Elisa leva para a misteriosa criatura, comida e música, impossível não gostar das duas coisas, ela provavelmente deve ter pensando assim. Não foi diferente para ele e de fato não foi difícil para que eles conseguissem rapidamente se conectar. O encontro de seres  tão distintos e improváveis que se conectam porque ambos são solitários e não estão felizes. Na verdade todos neste filme são pessoas solitárias e não estão nada satisfeitos com suas vidas. O espião russo Dr. Hoffstetler (mais um excelente trabalho de Michael Stuhlbarg) não concorda com os americanos nem  com os compatriotas sovi[eticos e acaba sendo uma peça chave no desenvolvimento do roteiro e talvez seja dele uma das melhores frases do filme "Não há lucro no peixe da semana passada". 

A Forma da Água é um filme terno e com uma edição ágil, reconstrói uma época não apenas no figurino e no perfeito design de produção, mas também em sua trilha sonora que tem o primor de contar com Carmen Miranda cantando Chica Chica Boom Chic. São esses detalhes tão preciosos que dão elegância e fazem o filme fluir de uma maneira delicada e harmoniosa. Não é a toa que está concorrendo a treze categorias no Oscar este ano e se não fosse o fato de Hollywood estar imersa nesses escândalos de assédio sexual poderia fazer bonito e ganhar facilmente quase todas elas, mas  os membros da Academia preferiram se voltar ao estranho e vazio enredo de Três Anúncios para Um Crime.

Em tempo, Guillermo del Toro está sendo acusado de plágio e isso pode diminuir mais ainda as chances do filme. Uma pena.

1 comentário:

Unknown disse...

Um filme pelo qual me apaixonei só pelo tema e as imagens dos trailers. Ansioso para vê-lo.

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