27/01/2018

Três Anúncios Para Um Crime

Grande vencedor do Globo de Ouro, Critic's Choice e Sag Awards, Três Anúncios Para Um Crime chega ao Oscar cheio de moral com sete indicações, mas  ele mereceu isso tudo? Definitivamente não.

Vamos à sua história. Mildred (Frances McDormand) é uma mulher que tenta descobrir quem estuprou e matou sua filha, ela parece ter esquecido de qualquer outra coisa e luta por justiça como qualquer mãe ou pai fariam, acontece que ela está tão cega que acaba indo longe demais. Na verdade todos no filme estão indo longe demais, é a raiva que os move o tempo todo, mas no caso de Mildred ela vai mais longe ao colocar anúncios na rodovia próxima à sua casa cobrando das autoridades respostas para seu caso. Não é apenas a  polícia local que fica nervosa, mas toda a pequena cidade de Ebbing também. 

Do padre ao dentista todos estão enfurecidos com Mildred. Seu filho começa a ser hostilizado na escola, mas nada disso a faz parar, ela literalmente manda todos às favas: expulsa o padre de sua casa, fura o dedo do dentista quando ele a interpela, bate em dois adolescentes que sujam seu carro, põe fogo na delegacia depois que queimam seus anúncios e por aí vai. 

Eu confesso que depois de assistir Três Anúncios Para Um Crime percebi que há muito mais propaganda do que filme em si. Sua trama tinha tudo para ser interessante, a crítica social é clara, mas ele é vago e um dos motivos para que eu tenha criado ranço do filme está justamente numa atriz que até ontem eu sempre gostei de seu trabalho: Frances McDormand. Mais uma vez ela faz uma recriação de si mesma,  uma caricatura de mais uma mulher amarga que muito me lembra outras que ela já fez só que dessa vez sem nenhum tipo de emoção que nos aproxime de sua dor. Infelizmente ela é favorita ao Oscar e isso em muito me entristece.

Quem também pode vencer o Oscar, neste caso de melhor ator coadjuvante, é Sam Rockwell, aquele típico ator que a gente já viu em vários filmes, mas nunca lembra de seu nome e agora talvez alguém lembre. Um ator que até hoje só tem feito cuzões e este foi com certeza o maior de todos. Seu personagem é um policial violento, que vive bêbado, tortura e profere discursos imbecis aos quatro cantos. Ao lado dele, Woody Harrelson conseguiu sua terceira indicação ao Oscar por dar vida a um chefe de polícia que tenta colocar ordem nessa bagunça toda, mas como não consegue encontra a solução mais extrema que poderia existir, mas que no filme soou sensata.

A direção e o roteiro também não ajudam o filme em nada. Um enredo como esse merecia um olhar mais cuidadoso, porém é tudo arrastado, pesado mesmo, parece que o diretor achou que tinha uma trama leve demais para conduzir e resolveu forçar mais ainda, porque no final é isso que deixa transparecer, uma trama forçada feita para mostrar que Hollywood é engajada, mas que só engana bobos e distraídos. E no fim o que sobra é aquela pergunta: mas que porra foi essa?

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