05/02/2018

Dunkirk

Por mais que se revisite, a 2º Guerra Mundial sempre tem histórias para contar. Como a famosa Batalha de Dunquerque em que ingleses e franceses estavam encurralados por alemães e mais de 300 mil soldados foram evacuados via marítima.

Chris Nolan teve a ideia de recontar essa história quando atravessava o canal da mancha e criou o filme sobre o ponto de vista dos personagens no céu, mar e terra que se contrapunham em três diferentes períodos de tempo, mas que em algum momento se intercalariam. Essa sacada brilhante do roteiro é que faz com que a história ganhe a atenção do espectador. Outra curiosidade é que não vemos os inimigos alemães ao longo do filme, eles estão lá, mas não os vemos diretamente porque a ideia era focar no drama dos soldados aliados. Vale frisar que algumas questões ficam em aberto, o filme não foca nos motivos pelos quais os soldados estavam encurralados e porque estavam encurralados. Provavelmente porque essa história já foi recontada antes. O que importa é o que a guerra provoca, os medos, as angústias. Já perto do fim do filme, Alex (Harry Styles) diz: "só o que fizemos foi sobreviver" ao que um senhor responde: "é o suficiente." É justamente aí que está o cerne da questão, naquele momento não importava a vitória e sim a sobrevivência.

Ao compor uma história com várias subtramas que se entremeiam, o diretor podia correr o risco de não chegar a lugar nenhum, mas estamos falando de um dos melhores realizadores da atualidade que divide os críticos porque ora parece moderninho, ora conservador. Se por um lado vemos a história de Tommy (Fionn Whitehead) que conhece Gibson (Aneurin Barnard) na praia enterrando outro soldado e  as tentativas destes em fugir daquele inferno; acompanhamos o Sr. Dawson (Mark Rylance) que parte com seu barco junto com o filho e um amigo deste para fornecer ajuda e resgatar o soldados na França; ao mesmo tempo, observamos os piloto Farrier (Tom Hardy) e Collins (Jack Lowden) que cruzam o canal da mancha para dar apoio aéreo aos soldados que estão sendo atacados.

De longe, mas muito longe, Dunkirk pode ser considerado um filme melodramático com apelo às lágrimas ou um filme de guerra com muita ação contando uma história real. Muito pelo contrário, Nolan sabe dosar isso muito bem criando a tensão, o suspense necessário, como de fato é uma guerra em que a trágica surpresa pode destruir qualquer tentativa de paz. E sabe também escolher muito bem o elenco. Não há estrelismos e até o astro pop, Harry Styles, tem seu momento e se saiu muito bem por sinal. Fionn Whitehead é outro nome que devemos guardar bem no futuro. E Tom Hardy pode até não aparecer muito, mas sua voz derrete qualquer coração.

Durkirk está indicado para oito categorias do Oscar e seria justo se vencesse todas elas, isso dificilmente ocorrerá, mas se vencer pelo menos cinco (edição e mixagem de som, trilha sonora, fotografia e design de produção) já estou feliz.

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