20/02/2018

Visages, Villages

Em sua extensa carreira como diretora, Agnès Varda foi do filme de ficção ao documentário. Sua extensa obra percorre todas as mudanças que o cinema sofreu nas últimas cinco décadas. Ela não teve receio de experimentar e mais ainda, estava cercada de pessoas que gostava de ter por perto. É notório que ela ama gente, de gente comum, do cara do campo ou do trabalhador que acorda cedo e enfrenta a selva de pedra.

Dito isso, e ao contrário de seus colegas da Novelle Vague como Truffaut e Godard, Agnès não é tão badalada fora do meio cinematográfico, porém é uma figura proeminente do cinema francês e se tornou a primeira diretora a receber um Oscar honorário pelo conjunto da obra este ano. Além disso, seu recente trabalho, o documentário Visages, Villages, que dirigiu o lado do fotógrafo JR, também está indicado ao Oscar, num filme em que nos delicia com seu talento em saber deixar as pessoas à vontade a ponto de que contem suas histórias. 

Visages, Villages é delicioso por não ser didático, erro de muitos documentários. É um diário de viagens que percorre a aventura de Agnès ao lado de JR, pela França. JR é um exímio fotografo que expõe suas obras ao ar livre se tornando célebre por isso. E assim como Agnès ele gosta de gente comum. Sendo assim a sinergia entre eles salta aos olhos. Da garçonete ao homem do campo chegando ao estivador. O humor é outro fator que faz com o que o filme se torne leve, não se torne monótono, os diretores foram inteligentes também em fugir da pieguice como, por exemplo, ao mostrar a avó de JR e os preparativos para o encontro com Godard. A edição e o tempo também contribuíram, em mais ou menos 1 hora e meia é possível compreender a visão de duas pessoas de épocas e hábitos tão distintos, mas que se complementam porque souberam aproveitar o que haviam de melhor em cada uma para realizar este esplêndido filme.

1 comentário:

Unknown disse...

Dá vontade de ver. A gente comum tem sempre uma história para contar.

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