O que vemos aqui como um trabalho de total entrega de
Phoenix, num roteiro e direção inspiradores, colocou o filme num patamar até
então desconhecido para películas do gênero sempre vistas como algo menor. Ok, sejamos
justos. Anos antes, Heath Ledger já havia personificado o personagem em Batman:
O Cavaleiro das Trevas (2008) com imensa entrega e vencido um Oscar (póstumo) de
melhor ator coadjuvante, o que para muitos foi a interpretação definitiva do
bandido com cara de palhaço. O filme,
também muito prestigiado, foi ignorado pela Academia que não o indicou para o
prêmio de melhor filme, nem melhor direção. Mas a semente foi plantada e Coringa
vai além ao dar voz a um dos maiores vilões dos quadrinhos (talvez o maior) e Joaquin
consegue sair da sombra de seu colega.
Coringa já começa a mostrar um homem doente, frágil, que
depende de remédios para se manter de pé. Que almeja fazer stand up comedy e
tem um emprego horrível como palhaço (ironia?) exibindo cartazes de propaganda.
Para acentuar essa fragilidade, ele é agredido por uns garotos.
E a partir daí, Coringa, ou melhor, Arthur Fleck, percebe que
a moça que ele supunha namorar estava apenas em seu imaginário. A realidade
bateu em sua porta e agora ele tem que lidar com ela, assim como todos nos
todos os dias ao sair de casa e enfrentar empregos que não queríamos ter,
salários que não merecemos receber, conviver com pessoas que não gostamos.
Essa sociedade mostrada em Coringa não é uma utopia, antes
fosse. É a mesma sociedade que eu e você vivemos e para qual estamos
mergulhados. Existe um Coringa dentro de muitas pessoas, mas também existe um Batman,
só que neste caso, é outra história.
Curiosidade: 16 das 20 marcas de Coringa eram fabricantes de
automóveis, contudo a marca mais visível foi a Panasonic que apareceu por quase
três minutos do tempo de tela e grande parte são close-ups de suas TVs com
o logotipo visível.
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